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domingo, 25 de dezembro de 2016

Lobo guerreiro


 Lobo Guerreiro

"Era um simples lobo solitário"

Na verdade, era tudo menos um simples lobo. Era muito mais do que apenas um lobo solitário.
Era um lobo guerreiro.

Um lobo que lutou contra tudo, enfrentou tempestades sozinho.
Mas mais do que enfrentar as condições atmosféricas adversas, enfrentou a pior luta na vida de alguém.
A pior, mas também a mais importante. A luta com ele mesmo.
Quando tudo parecia perdido, quando ele se deixava invadir por um espírito maligno, por uma aura escura, quando ele parecia morto e enterrado para a luz.
Eis que surge, um pequeno raio de sol.
O seu coração foi posto a prova e ele tal e qual um lobo de coração, reagiu.
Não tinha forças para começar, não tinha sequer ideia do que ia fazer para melhorar, mas fez a coisa mais importante da sua vida, deu um passo em frente quando o que mais queria era desaparecer, quando o que mais queria era morrer.
A ideia que tinha uma família que o amava algures fez com que lutasse com todas as suas forças, mesmo que de inicio fossem escassas.

A negrura do seu coração foi curada,
a aura escura foi se dissipando.
E assim como que reflectindo a mudança interior
até a cor do seu pelo foi mudando de preto solitário
para o branco da paz, da luz, do lobo solidário.
Ainda não era o lobo guerreiro mas lutava para ser.
Ele sabia que de condicional a única certeza é que seria sempre um iria.
Isso era a certeza de que seria um eterno insatisfeito na busca por o que mais queria.


 Foi um processo gradual e demorado.
Passou a ser dois lobos diferentes.
O do passado e o do futuro, faltando preencher a vaga do presente.
Contra a descrença com que o olhavam este lobo guerreiro, continuou.
Sozinho mas cada vez mais forte lá ia provando que apesar de fazer um caminho sozinho fazia as coisas com brio e de forma nobre.

Mudou não só por ter feito uma ferida enorme
no coração. Fugiu de ser um animal de orgulho ferido, caminhou em direcção à luz.

Mudou porque abriu a mente para o desconhecido, mudou porque regressou a um estado de humildade que sempre o caracterizou no passado.
Regressava assim ás suas origens. O rosto aos poucos também ia mudando, uma espécie de sorriso queria aparecer, mas ele permanecia concentrado no que tinha de fazer.

Com cada vez mais concentração transformou-a em foco e passou a ser um animal com objectivos e sonhos.
Era mais misterioso que nunca, era místico, era de certa forma poético.
Deixava assim de ser solitário de vez porque estando sozinho não se sentia como tal.
Ele era a sua primeira grande companhia.

Saiu do buraco onde ele mesmo tinha mergulhado de cabeça anos antes, e quando se viu no reflexo da água do rio não viu mais um jovem lobo. Viu um Lobo adulto e preparado para lutar com mais do que o seu físico, um físico construído com muito suor e dor, tinha o seu coração pronto para sofrer e a sua mente aguçada para resolver qualquer tipo de desafio.



Olhou a volta e tinha chegado onde tinha de chegar.
Começava assim uma jornada diferente, tornou-se um lobo solidário, e não mais solitário.
Começou por ajudar todo e qualquer animal, sem interesse. Olhou para todos os que precisavam de um novo começo e deu-lhes esperança.
Olhou para supostos casos perdidos e acreditou neles.
Resolveu abrir o seu coração outrora tão fraco para ser exposto, mas arriscou expo-lo.
Soltou lágrimas de felicidade no apogeu das emoções, mas não cedeu. Eram lágrimas de força, o lobo voltara a importar-se, o lobo estava pronto para a guerra.
A sua bondade começou por se notar de forma ténue, mas a medida que ia caminhando a sua bondade ia transbordando como se fosse ilimitada.
Se à uns tempos o lobo tinha aprendido a viver, neste momento o lobo aprendeu a crescer.
O lobo guerreiro, encontrou tudo o que nunca teve, porque fez tudo o que nunca fez.
O lobo deixou de perder o sono com opinião de ovelhas, e passou a estar acordado para a vida.
O lobo passou a ser o que nasceu para ser
Deixou de desaparecer
Passou a viver
e com isso melhorou a sua vida,
modificou o seu mundo, e dos que o rodeiam.
Encontrou a sua família, encontrou amigos verdadeiros, encontrou o seu lugar.
Encontrou o amor da sua vida, o AMOR PRÓPRIO.
O Lobo guerreiro merece ser feliz,

Lobo guerreiro, mais do que um animal.
mais do que um guerreiro.
Um verdadeiro líder em ascensão.
Uma estrelinha da sorte sempre o acompanhou
Só ele não sabia
Uma estrelinha o salvaguardou
Só ele nunca a usou.
O lobo guerreiro abriu o coração para a estrelinha
Agora já sabe mais do que sabia
Agora sabe estrelar sem correria.
O lobo guerreiro percebeu porque não vivia.
O lobo não SORRIA!

O lobo voltou a sorrir, voltou a contagiar, a inovar e a criar.
Nada mais foi igual, nada mais o irá segurar.

MA


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Corrida S. Silvestre, uma espécie de diário de bordo


Pediram-me uma diário de bordo e não me sinto capaz de o fazer.
Ou pelo menos com a precisão e qualidade que normalmente me imponho a mim próprio.
A razão é simples.
Mas antes de mais quero dar os meus parabéns a todos que deram o seu melhor e se superaram em prova. Foi inspirador. Foi verdadeiramente satisfatório, observar os rostos iluminados no final da prova.
Durante esta semana tinha publicado uma imagem com uma frase que passo a citar.

“A diferença entre droga e o desporto extremo é que depois de um dia a consumir droga nos sentimos miseráveis e depois de fazer uma ascensão extrema nos sentimos deuses.”

Antes da prova começar vi pessoas felizes e motivadas, eram 15000 e todos sorriam, todos tiravam fotografias. Isto e a quantidade de pessoas a assistir e aplaudir, formaram uma massa humana que só é superada nos aliados quando o meu Porto é campeão.
Depois da prova vi Deuses, porque era assim que aquelas pessoas do primeiro ao ultimo se sentiam.

Uma prova extremamente bem organizada, fazendo jus ao seu nome e historial e que nos proporcionou com isso estarmos apenas concentrados no que verdadeiramente importa.CORRER!!!

Os BITRUNNERS foram á 23º edição e penso que falo por todos quando digo que é uma prova a repetir, e tenho a esperança e convicção que isso aconteça mesmo.

Parabéns ao meu grande amigo Filipe Miranda aka estrela que mesmo depois de uma semana gripado e de cama foi na mesma a prova e conclui-a com um magnifico tempo de 
00h 46m 58s.
É este tipo de espírito e superação que me motiva cada vez mais a querer ser melhor. Obrigado por partilhares comigo tanto em tão pouco tempo.
Parabéns ao Tiago Mota pelo teu brilhante tempo, superaste o tempo de á 4 anos e sei o quanto isso era importante para ti. Juro que quando arrancaste parecia mesmo que ias de mota. O relógio deu-te super-poderes e tu voaste. O segredo está no relógio mas não digas a ninguém. Tempo 
00h 47m 10s

Parabéns também à Rute (
01h 01m 36s) e a Marília (01:08:11), que não corriam, não sabiam o que isto era e agora estão a correr com mais do que apenas as pernas, estão a correr com alma. 

Alma aí está a palavra chave, a tal razão simples que falei em cima. Aprendi desde cedo a competir com as pernas, com o coração e mais tarde com alma.
Nesta corrida aprendi a correr com cabeça.
Ouvir o corpo é fundamental.
Foi a prova mais dura da minha vida, e talvez nem todos o compreendam, mas sinto-me esgotado.
Ter força e ir devagar é como não a ter e ir a forçar. Mas talvez seja ainda pior. Doeu-me a alma, doeu-me tudo menos a perna e só me apetecia explodir e fazer um grande tempo.
Fui prudente, protegi-me, e conclui a mesma com a sensação de dever cumprido, pouco importa o que fiz ou deixei de fazer.
Valeu a pena, porque apesar de ter corrido com cabeça entreguei de alma e coração, e podem achar que isto é exagero e até dramático, mas só cada individualidade sabe como se sente e vive cada momento.

Passo a passo até ao próximo km.

Se restassem duvidas, este é dedicado aos BITRUNNERS, e também ao Calejo e ao Filipe que se juntaram a nós neste mágico Domingo.

Um até já corredores, voltarei mais forte da próxima vez, Serei o lobo que me foi atribuído pelo meu amigo Daniel Ribeiro aka Pantera.



Miguel Ângelo

sábado, 10 de dezembro de 2016

Cavalo de fogo









Cavalo de fogo

Só tens mais tudo de que todos.
Só!
Quando decides ganhar é tudo teu
Ninguém consegue rivalizar com esse tipo de força.

Nasceste para destruir, mas caiste do berço e ficaste puro de intenções.
Podem vir cem milhões de venenosos
Nenhum, repito nenhum!
Terá o teu destino majestoso.

Parabéns nasceste para destruir
mas decidiste decidir
que não somos o que nascemos
somos o que queremos.

MA

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Artigo de opinião sobre o filme MCfarland USA



Ora, hoje não me apetece escrever um poema, na verdade não me apetece nada.
Sinto o meu mundo a evoluir, mas ao mesmo tempo a desabar a explodir. No meio de tanta dificuldade preciso desabafar. E como não gosto de me expor vou vos falar de um filme que tem sido a minha inspiração para o que tenho feito.

Tenho medo, temo o pior mas não tenho mais nenhuma hipótese, ou invento desculpas como num passado cada vez mais longínquo ou crio soluções.

Há uns tempos vi um filme, não apenas um filme mas o filme.

Depois de ver into the wild e o ter declarado o filme da minha vida, pensei que nunca nada me iria fazer sentir o que senti ao vê-lo. Apesar de continuar
a ser um filme de referência foi destronado no meu pódio
de filmes por MCFarland USA.
Nunca na minha curta existência um filme me tinha tocado de forma tão profunda.
Talvez a minha cultura a nível cinematografia não seja a melhor mas também nem sempre tenho disponibilidade para despender tempo para o fazer.
Não que seja desculpa, a falta de tempo não existe, mas sim a falta de vontade.
Nesse sentido domei-me e forcei-me a ver este filme. Depois dos relatos do meu pai, o entusiasmo, o brilho no olhar, tive certeza que não podia adiar. Sábia decisão, vi a minha vida a passar a minha frente numa realidade diferente e bem mais dura. Mas identifiquei-me e o que seria de um filme ou de um livro se as pessoas não vestissem a pele das personagens?
Bem eu consegui ver-me na pela delas todas em certas alturas da minha vida e isso me fez atingir um estado emocional que não esperava de todo.

Ora, é um filme sobre corrida, mas é bem mais do que isso. Claro que para mim que encontrei na corrida e especialmente na montanha a minha paz ver um filme sobre isso mexe. Mas foi mesmo muito mais do que isso, mexeu em feridas profundas.
Quando mexem no teu orgulho, quando te rebaixam e te tentam diminuir, quando lutas e pareces um fracasso e continuas mostras carácter.
Carácter é fazer a coisa certa quando ninguém está a ver. E isso é e sempre será o meu maior orgulho.

Eles no filme são mexicanos, filhos de pais pobres mas trabalhadores, o seu maior tesouro é a família e não tem hipótese de futuro melhor, a corrida é a sua única hipótese de poderem mudar o seu mundo e dos que os rodeiam. A corrida é a sua salvação,

Não serei spoiler, mas aconselho a verem este filme que me fez verter lágrimas pela primeira vez ao assistir esta arte de tela.
Não sei o que eu andava a fazer a minha sensibilidade, ou que tipo de filmes eu via, mas a verdade é que eu separava a realidade da ficção e podiam morrer de forma injusta que nada mexia cá dentro.
Tudo mudou com este filme.
Eu corro agora, portanto logo aí se percebe o estrago. Mas os valores, o sacrifício, todo o conteúdo me vez repensar a minha forma de agir e me fez querer criar algo parecido.
Entendo que a vida não é um filme mas a vida pode ser o sonho que existe na nossa cabeça e no nosso coração.
Um filme baseado em factos verídicos.

Alerta spoiler.
Frase mítica entre tantas outras, isto sem precisar as palavras exactas.
Diz o actor kevin costner personagem Jim White dentro do seu carro para o melhor atleta que corria a 20km/h:
"- Porque corres a 20km/h para ir para a escola?

Responde Carlos Chalabi, personagem Thomas Valles:
"- Porque não tenho carro"

Os corredores do filme nunca tinham visto o mar, classificação para as competições estatais proporcionaram-lhes isso. Não Digam que correr não pode mudar a vida de alguém.

Humildade vem do berço, do berço de palha veio Jesus por isso pensem de onde vêm e como chegaram onde estão agora.
È esse o local que sonharam? Se sim continuem, se não mudem.

MA


sábado, 26 de novembro de 2016

Antes da glória

Não há nada como o antes.
Acordar e saber
Despertar e sentir
Gritar a uma só voz
qual poema, qual voz?
Ninguém saberá nunca aquilo que vive em nós.

Que imensidão
Que poder
Antes de todos o saberem
Antes de todos verem
tu já sabes o que podes ser
Acreditar, acreditar e acreditar
fazem de ti mais do que um barco a deriva no mar
és o remo, o barco, a ancora e o mastro
sempre acreditaste que eras um ladrão sem cadastro..

Sabes uma coisa?
És também o marinheiro e o casco
Até agora eras pequeno
eras uma anedota e até um fiasco
Estiveste a beira do penhasco
mas ressurgiste num raio de esplendor
porque acredito que nasceste para ser vencedor.

O antes é revelador,
no antes tens o discernimento necessário,
antes há dor, amor, dor, amor
mil vezes este cenário
mas e sempre o mas!
o despertar da força da tua natureza
és a montanha em espiral
és o fenómeno natural
furacão,vulcão, és a tua própria paixão..

És a tua própria ferramenta de sucesso
cometes o excesso
e ninguém vê
continuas no processo
e ninguém lê..

Todos desconhecem
todos te desprezam
todos julgam antes de isto, antes daquilo..
Somos todos um antes deste ou daquele dia...
Somos o antes em modo calmaria
No dia que venceres serás alvo de idolatria
Nesse dia virá a benesse
é o dia em que tudo acontece..

Amanhã vai acontecer
Hoje grita para dentro de ti
amanhã vais vencer
hoje ninguém sabe
ninguém vê
nem sequer lê
hoje estamos no antes
e o antes que teima em permanecer
será o mesmo que irá morrer.
Amanhã será diferente, amanhã será nascer...

MA










domingo, 20 de novembro de 2016

Vicio de boca




Um dia de escuridão
em que sorria a trovoada
ouvia musica no silêncio da noite,
sentia a brisa despenteada,
fumava um cigarro falante e por vezes ouvinte,
quando no meu canto entrou a luz...

Estava sendo abafado
pela ânsia de mais uma passa
era uma vontade incontrolável,
chamavam-lhe o vicio de boca
e ela cada vez mais louca
Sorria ao ver-me lá fora,
calma, depois de ter dado a sua ultima passa, pergunta:

Queres entrar?
Eu de mansinho fui recusando
o instinto pedia investida
a razão alertava para uma falsa partida, mas nem valia a pena
ela era vista como a minha prometida...

Não me mexi, não reagi,

temi pelo o sentir.
Tantas vezes me expus a princípios tão auspiciosos
e depois eram tudo menos maravilhosos.

Parei, olhei que diabos faço?!
não me perdoarei por ser imprudente

Se avanço e me desfaço
Será sofrimento a mais num só acidente..
Não interessa, és um vicio do qual sou dependente...


Se paro, se abrando..
Será o caminho da cobardia

E eu só a quero por mais um dia
ela tem tudo para ser a tal
quero imergir em sal...


Quero fumar, quero vicio, quero querer,
Quero cuidar-te.
quero poder ser
aquilo que irá curar-te.

Não quero desistir,
quero ficar,
resistir nem devia ser uma opção
Se fumar é o meu vicio
Isto é a minha oração.

Sê o meu cigarro,
Sê o meu charro,
Prometo que só queimarei o suficiente para te acender
Prometo guardar-te quando só fores uma beata
Serei a tua chama
discreta e confidencial.
Oh princesa sem coroa!
serei teu vira-lata,
uma musica tudo menos comercial..

Serei a tua chama,
pensa, analisa e observa
quando na sarjeta fores o que sobra
a beata que já ninguém adora
para mim serás sempre a mais encantadora..

Não vou querer saber se já não és mais o que me incendiou
Quero apenas ser aquele que sempre ficou.
Por vezes falante, por vezes ouvinte
és tudo que pedi, és o pão deste pobre pedinte
és a droga que vicia,
és o cigarro que em mim não acendia.



Miguel Ângelo

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Era um simples lobo solitário

Era um simples lobo solitário

Era final do verão, um verão que teimava em não acabar.
O calor e a sua chama de ser mais do que uma estação faziam-no invadir o já outras vezes respeitado outono.
Estava fogoso por mais, mas tudo tem o seu lugar e o frio rigoroso do inverno saiu da sua espera para dar um auxílio no equilíbrio do seu antecedente. Devolvendo desta forma cada um ao seu lugar natural.
Simples, frio e calculista como ele só, o inverno acabava de uma assentada com os problemas que apareciam e os que se adivinhavam.

Neste contexto, existia um lobo solitário.
Este lobo conseguia passar despercebido a maior parte do tempo, conseguia ser invadido como o outono, sem capacidade para se impor, para ser ele mesmo. Era a inércia em nome e conceito, era um lobo apenas em aparência.

No passado tinha sido como o verão, invadindo o espaço de tantos outonos que sem poder de dizer "não", o deixavam tomar conta do seu espaço.
Era imponente, fogoso, espontâneo, impulsivo, nervoso, feroz, e por vezes perdia a noção de bom senso, era o verão desta equação. Era algo que sendo instintivo não correspondia ao seu verdadeiro eu.

Nisto tomou um decisão que parecia irreversível.
Afastou-se, fugiu, desapareceu da vista, passou despercebido
ora calado, ora discreto, ora contido
era um inverno em idade do gelo.

Ninguém o via, ninguém o sentia
era silencioso, cinzento era inverno
era triste, feio, gordo, e até mal cheiroso
era uma estação do ano sem governo
sem fala nem apego
era carente de afeto
era demente por atenção mas nem por isso a procurava.
Nevava no seu espírito, era um lobo solitário calculista
deixava de ser para passar a ver
deixava a sua alma de lado, para nunca mais ser artista.
Era a sombra da sua própria sombra...

Um dia sem que nada o fizesse supor, pôs-se a prova
e sem que desse conta a luz tomou conta de si.
O seu espírito voltara a iluminar-se.
Voltava a confiar, voltava a acreditar.
De feridas lambidas, cambaleando, ora a correr, a passo ou rastejar
fez do seu sacrifício a expressão máxima da palavra ganhar.
Sozinho, lutou contra a descrença
Sozinho mas já não tão solitário, lutava com cada vez mais força para o seu regresso.
Sentiu o peso do regresso ao passado mas sempre com olhos postos no futuro.
Era o pensamento de se lembrar quem era que o movia
eram as pequenas conquistas que o faziam continuar.
As pernas foram ficando fortes a medida que o seu espírito se fortalecia,
o coração foi se enchendo à medida que o seu destino apenas a ele lhe pertencia.

Dai em diante ora acompanhado por amigos improváveis e pelos os do costume, regressava assim para uma nova etapa, uma nova estação.
A sua liberdade voltava em pleno, o seu espirito selvagem e livre ressuscitava.
Hoje o lobo solitário, voltou a florescer, voltou a sorrir.
Hoje o lobo não é mais solitário, é uma nova estação, hoje ele é a primavera que nunca foi e que sempre quis ser.
O lobo aprendeu a viver.



MA