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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Artigo de opinião sobre o filme MCfarland USA



Ora, hoje não me apetece escrever um poema, na verdade não me apetece nada.
Sinto o meu mundo a evoluir, mas ao mesmo tempo a desabar a explodir. No meio de tanta dificuldade preciso desabafar. E como não gosto de me expor vou vos falar de um filme que tem sido a minha inspiração para o que tenho feito.

Tenho medo, temo o pior mas não tenho mais nenhuma hipótese, ou invento desculpas como num passado cada vez mais longínquo ou crio soluções.

Há uns tempos vi um filme, não apenas um filme mas o filme.

Depois de ver into the wild e o ter declarado o filme da minha vida, pensei que nunca nada me iria fazer sentir o que senti ao vê-lo. Apesar de continuar
a ser um filme de referência foi destronado no meu pódio
de filmes por MCFarland USA.
Nunca na minha curta existência um filme me tinha tocado de forma tão profunda.
Talvez a minha cultura a nível cinematografia não seja a melhor mas também nem sempre tenho disponibilidade para despender tempo para o fazer.
Não que seja desculpa, a falta de tempo não existe, mas sim a falta de vontade.
Nesse sentido domei-me e forcei-me a ver este filme. Depois dos relatos do meu pai, o entusiasmo, o brilho no olhar, tive certeza que não podia adiar. Sábia decisão, vi a minha vida a passar a minha frente numa realidade diferente e bem mais dura. Mas identifiquei-me e o que seria de um filme ou de um livro se as pessoas não vestissem a pele das personagens?
Bem eu consegui ver-me na pela delas todas em certas alturas da minha vida e isso me fez atingir um estado emocional que não esperava de todo.

Ora, é um filme sobre corrida, mas é bem mais do que isso. Claro que para mim que encontrei na corrida e especialmente na montanha a minha paz ver um filme sobre isso mexe. Mas foi mesmo muito mais do que isso, mexeu em feridas profundas.
Quando mexem no teu orgulho, quando te rebaixam e te tentam diminuir, quando lutas e pareces um fracasso e continuas mostras carácter.
Carácter é fazer a coisa certa quando ninguém está a ver. E isso é e sempre será o meu maior orgulho.

Eles no filme são mexicanos, filhos de pais pobres mas trabalhadores, o seu maior tesouro é a família e não tem hipótese de futuro melhor, a corrida é a sua única hipótese de poderem mudar o seu mundo e dos que os rodeiam. A corrida é a sua salvação,

Não serei spoiler, mas aconselho a verem este filme que me fez verter lágrimas pela primeira vez ao assistir esta arte de tela.
Não sei o que eu andava a fazer a minha sensibilidade, ou que tipo de filmes eu via, mas a verdade é que eu separava a realidade da ficção e podiam morrer de forma injusta que nada mexia cá dentro.
Tudo mudou com este filme.
Eu corro agora, portanto logo aí se percebe o estrago. Mas os valores, o sacrifício, todo o conteúdo me vez repensar a minha forma de agir e me fez querer criar algo parecido.
Entendo que a vida não é um filme mas a vida pode ser o sonho que existe na nossa cabeça e no nosso coração.
Um filme baseado em factos verídicos.

Alerta spoiler.
Frase mítica entre tantas outras, isto sem precisar as palavras exactas.
Diz o actor kevin costner personagem Jim White dentro do seu carro para o melhor atleta que corria a 20km/h:
"- Porque corres a 20km/h para ir para a escola?

Responde Carlos Chalabi, personagem Thomas Valles:
"- Porque não tenho carro"

Os corredores do filme nunca tinham visto o mar, classificação para as competições estatais proporcionaram-lhes isso. Não Digam que correr não pode mudar a vida de alguém.

Humildade vem do berço, do berço de palha veio Jesus por isso pensem de onde vêm e como chegaram onde estão agora.
È esse o local que sonharam? Se sim continuem, se não mudem.

MA


sábado, 26 de novembro de 2016

Antes da glória

Não há nada como o antes.
Acordar e saber
Despertar e sentir
Gritar a uma só voz
qual poema, qual voz?
Ninguém saberá nunca aquilo que vive em nós.

Que imensidão
Que poder
Antes de todos o saberem
Antes de todos verem
tu já sabes o que podes ser
Acreditar, acreditar e acreditar
fazem de ti mais do que um barco a deriva no mar
és o remo, o barco, a ancora e o mastro
sempre acreditaste que eras um ladrão sem cadastro..

Sabes uma coisa?
És também o marinheiro e o casco
Até agora eras pequeno
eras uma anedota e até um fiasco
Estiveste a beira do penhasco
mas ressurgiste num raio de esplendor
porque acredito que nasceste para ser vencedor.

O antes é revelador,
no antes tens o discernimento necessário,
antes há dor, amor, dor, amor
mil vezes este cenário
mas e sempre o mas!
o despertar da força da tua natureza
és a montanha em espiral
és o fenómeno natural
furacão,vulcão, és a tua própria paixão..

És a tua própria ferramenta de sucesso
cometes o excesso
e ninguém vê
continuas no processo
e ninguém lê..

Todos desconhecem
todos te desprezam
todos julgam antes de isto, antes daquilo..
Somos todos um antes deste ou daquele dia...
Somos o antes em modo calmaria
No dia que venceres serás alvo de idolatria
Nesse dia virá a benesse
é o dia em que tudo acontece..

Amanhã vai acontecer
Hoje grita para dentro de ti
amanhã vais vencer
hoje ninguém sabe
ninguém vê
nem sequer lê
hoje estamos no antes
e o antes que teima em permanecer
será o mesmo que irá morrer.
Amanhã será diferente, amanhã será nascer...

MA










domingo, 20 de novembro de 2016

Vicio de boca




Um dia de escuridão
em que sorria a trovoada
ouvia musica no silêncio da noite,
sentia a brisa despenteada,
fumava um cigarro falante e por vezes ouvinte,
quando no meu canto entrou a luz...

Estava sendo abafado
pela ânsia de mais uma passa
era uma vontade incontrolável,
chamavam-lhe o vicio de boca
e ela cada vez mais louca
Sorria ao ver-me lá fora,
calma, depois de ter dado a sua ultima passa, pergunta:

Queres entrar?
Eu de mansinho fui recusando
o instinto pedia investida
a razão alertava para uma falsa partida, mas nem valia a pena
ela era vista como a minha prometida...

Não me mexi, não reagi,

temi pelo o sentir.
Tantas vezes me expus a princípios tão auspiciosos
e depois eram tudo menos maravilhosos.

Parei, olhei que diabos faço?!
não me perdoarei por ser imprudente

Se avanço e me desfaço
Será sofrimento a mais num só acidente..
Não interessa, és um vicio do qual sou dependente...


Se paro, se abrando..
Será o caminho da cobardia

E eu só a quero por mais um dia
ela tem tudo para ser a tal
quero imergir em sal...


Quero fumar, quero vicio, quero querer,
Quero cuidar-te.
quero poder ser
aquilo que irá curar-te.

Não quero desistir,
quero ficar,
resistir nem devia ser uma opção
Se fumar é o meu vicio
Isto é a minha oração.

Sê o meu cigarro,
Sê o meu charro,
Prometo que só queimarei o suficiente para te acender
Prometo guardar-te quando só fores uma beata
Serei a tua chama
discreta e confidencial.
Oh princesa sem coroa!
serei teu vira-lata,
uma musica tudo menos comercial..

Serei a tua chama,
pensa, analisa e observa
quando na sarjeta fores o que sobra
a beata que já ninguém adora
para mim serás sempre a mais encantadora..

Não vou querer saber se já não és mais o que me incendiou
Quero apenas ser aquele que sempre ficou.
Por vezes falante, por vezes ouvinte
és tudo que pedi, és o pão deste pobre pedinte
és a droga que vicia,
és o cigarro que em mim não acendia.



Miguel Ângelo

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Era um simples lobo solitário

Era um simples lobo solitário

Era final do verão, um verão que teimava em não acabar.
O calor e a sua chama de ser mais do que uma estação faziam-no invadir o já outras vezes respeitado outono.
Estava fogoso por mais, mas tudo tem o seu lugar e o frio rigoroso do inverno saiu da sua espera para dar um auxílio no equilíbrio do seu antecedente. Devolvendo desta forma cada um ao seu lugar natural.
Simples, frio e calculista como ele só, o inverno acabava de uma assentada com os problemas que apareciam e os que se adivinhavam.

Neste contexto, existia um lobo solitário.
Este lobo conseguia passar despercebido a maior parte do tempo, conseguia ser invadido como o outono, sem capacidade para se impor, para ser ele mesmo. Era a inércia em nome e conceito, era um lobo apenas em aparência.

No passado tinha sido como o verão, invadindo o espaço de tantos outonos que sem poder de dizer "não", o deixavam tomar conta do seu espaço.
Era imponente, fogoso, espontâneo, impulsivo, nervoso, feroz, e por vezes perdia a noção de bom senso, era o verão desta equação. Era algo que sendo instintivo não correspondia ao seu verdadeiro eu.

Nisto tomou um decisão que parecia irreversível.
Afastou-se, fugiu, desapareceu da vista, passou despercebido
ora calado, ora discreto, ora contido
era um inverno em idade do gelo.

Ninguém o via, ninguém o sentia
era silencioso, cinzento era inverno
era triste, feio, gordo, e até mal cheiroso
era uma estação do ano sem governo
sem fala nem apego
era carente de afeto
era demente por atenção mas nem por isso a procurava.
Nevava no seu espírito, era um lobo solitário calculista
deixava de ser para passar a ver
deixava a sua alma de lado, para nunca mais ser artista.
Era a sombra da sua própria sombra...

Um dia sem que nada o fizesse supor, pôs-se a prova
e sem que desse conta a luz tomou conta de si.
O seu espírito voltara a iluminar-se.
Voltava a confiar, voltava a acreditar.
De feridas lambidas, cambaleando, ora a correr, a passo ou rastejar
fez do seu sacrifício a expressão máxima da palavra ganhar.
Sozinho, lutou contra a descrença
Sozinho mas já não tão solitário, lutava com cada vez mais força para o seu regresso.
Sentiu o peso do regresso ao passado mas sempre com olhos postos no futuro.
Era o pensamento de se lembrar quem era que o movia
eram as pequenas conquistas que o faziam continuar.
As pernas foram ficando fortes a medida que o seu espírito se fortalecia,
o coração foi se enchendo à medida que o seu destino apenas a ele lhe pertencia.

Dai em diante ora acompanhado por amigos improváveis e pelos os do costume, regressava assim para uma nova etapa, uma nova estação.
A sua liberdade voltava em pleno, o seu espirito selvagem e livre ressuscitava.
Hoje o lobo solitário, voltou a florescer, voltou a sorrir.
Hoje o lobo não é mais solitário, é uma nova estação, hoje ele é a primavera que nunca foi e que sempre quis ser.
O lobo aprendeu a viver.



MA